Primeira tradução em português de referência internacional fortalece segurança, longevidade e autonomia de artistas das artes aéreas. Evento de lançamento terá acessibilidade em Libras e será aberto ao público.
No dia 14 de junho, a artista e mestra em Letras Malu Vieira, conhecida por seu trabalho na formação circense e em projetos voltados à acessibilidade, lança em Recife a versão brasileira do livro “Anatomia aplicada às Artes Aéreas – Um guia ilustrado de força, flexibilidade, treinamento e prevenção de lesões”, da fisioterapeuta norte-americana Emily Scherb. A tradução é assinada por Malu, com revisão técnica do fisioterapeuta e artista circense Hammai Assis.
O livro chega ao Brasil por meio do projeto aprovado pelo Funcultura Geral (2021-2022), com coordenação da própria tradutora e produção de Marina Duarte, da Papelão Produções. O lançamento será na Livraria do Jardim, no bairro da Boa Vista, com início às 15h, seguido de uma mesa-redonda acessível em Libras, reunindo especialistas para discutir prevenção de lesões, biomecânica e cuidado com o corpo na prática aérea.
Além de gratuito, o evento terá exemplares à venda com preço promocional de R$100, e 150 cópias da obra serão doadas a escolas de circo, companhias itinerantes e profissionais da saúde.
Conhecimento acessível para artistas e profissionais da saúde
O livro é um marco para a comunidade circense de língua portuguesa. Pela primeira vez, aerialistas e instrutores terão acesso a um material técnico em português que contempla a complexidade do movimento nos aparelhos aéreos. O conteúdo vai além de nomes de músculos ou ossos: trata de treino com consciência corporal, planejamento de progressões, prevenção e gestão de lesões — tudo apresentado com linguagem clara e ilustrações didáticas.
“Essa tradução torna esse tipo de pesquisa muito mais acessível para aerialistas lusófonos, trazendo informações valiosas para a compreensão da organização corporal nos movimentos clássicos dos principais aparelhos aéreos”, comenta Mainá Souza, artista que estampa a capa da edição brasileira.
Circo, ciência e inclusão: por que isso importa
Malu destaca que, embora áreas como a dança ou a ginástica tenham mais atenção em medicina esportiva, o mesmo não se pode dizer do circo: “Ainda são raros os profissionais de saúde que entendem os corpos e as exigências das práticas aéreas. Essa lacuna precisa ser enfrentada”.
O projeto não busca apenas traduzir um livro, mas democratizar o acesso a informações de qualidade, criando pontes entre ciência, arte e saúde. A proposta também é quebrar barreiras linguísticas e sociais — inclusive garantindo acessibilidade em Libras no evento, ampliando o alcance para artistas surdos e outras pessoas interessadas.