Com tecnologia, fabricação digital e acompanhamento especializado, a Ocupacional3D busca democratizar o acesso a soluções sob medida no Brasil
A falta de dispositivos assistivos acessíveis, personalizados e financeiramente viáveis ainda limita a independência de milhares de pessoas com deficiência no Brasil. Os produtos disponíveis no mercado, em sua maioria genéricos ou importados, raramente contemplam necessidades específicas e costumam apresentar alto custo, o que compromete processos de reabilitação e qualidade de vida.
Foi diante desse cenário que a terapeuta ocupacional pernambucana Roberta Falcão decidiu inovar. A partir de sua vivência clínica, ela identificou a urgência por soluções mais flexíveis e pensadas para o cotidiano dos usuários, fundando a Ocupacional3D, startup especializada no desenvolvimento de dispositivos assistivos por meio da impressão 3D.
A tecnologia permite ajustes rápidos, maior durabilidade e customização, características essenciais para promover autonomia em tarefas do dia a dia. Além de reduzir custos, a fabricação local também melhora a estética e aumenta a adesão ao uso dos equipamentos. “A aplicação de ferramentas digitais no contexto terapêutico aproxima os profissionais da realidade de quem depende desses dispositivos. Em um mercado dominado por produtos genéricos, a personalização ganha protagonismo”, destaca Roberta Falcão.
Entre os itens produzidos estão abridores de garrafa PET, bordas 360° para pratos, adaptadores para lápis, entre outros dispositivos disponíveis na loja online
ocupacional3d.com. O diferencial da startup está no acompanhamento contínuo: desde a avaliação, indicação correta do dispositivo até o pós-entrega. “Oferecemos consultoria para garantir que cada pessoa utilize o recurso da forma mais adequada”, pontua Roberta.
Formação inédita para educadores e profissionais de saúde
Com o objetivo de ampliar o impacto da iniciativa, a Ocupacional3D está lançando o curso “Tecnologia Assistiva e Impressão 3D na Saúde: do conceito à prática”, destinado a profissionais da saúde e educação. A formação acontece entre 29 de novembro e 6 de dezembro de 2025, em formato híbrido (online e presencial), no Recife (PE).
O programa abordará desde conceitos básicos até o desenvolvimento de protótipos funcionais, promovendo vivências com softwares de modelagem, prototipagem, inteligência artificial e processos de fatiamento. A proposta é suprir uma lacuna ainda pouco explorada nas graduações, estimulando criatividade, pensamento crítico e abordagem interdisciplinar.
Na prática, o primeiro módulo aborda a introdução à tecnologia assistiva: conceitos, acessibilidade, design centrado na pessoa e tendências da manufatura 3D no âmbito da reabilitação. Já o segundo módulo (presencial) dedica-se inteiramente ao “como fazer”: desde o histórico das impressoras, os materiais mais adequados, o fatiamento e modelagem, até a produção de recursos terapêuticos personalizados. Os interessados podem se inscrever no link: even3.com.br/tecnologiaassistivaeimpressao3d-63742
“Tudo será conduzido em linguagem acessível, democratizando o acesso à inovação. As participantes aprenderão a avaliar necessidades reais, projetar dispositivos sob medida e adaptar recursos com mais precisão”, explica Clarissa Braga, farmacêutica e sócia da startup.
A longo prazo, a Ocupacional3D pretende consolidar uma rede de profissionais multiplicadores, contribuindo para fortalecer o ecossistema nacional de tecnologia assistiva. A ideia é fazer com que a personalização deixe de ser um diferencial e passe a ser entendida como direito básico para quem depende desses recursos.
